sábado, 27 de fevereiro de 2010

Neoplasias Mamárias em Cadelas e Gatas

Fonte da imagem: East Marietto Animal Hospital
Nesse texto eu vou falar de uma forma geral sobre neoplasias mamárias em cadelas e gatas.
O objetivo desse texto é informativo, não deve substituir o diagnóstico do médico veterinário, se o seu animal apresenta qualquer sintoma descrito ele deve ser levado para uma consulta e as recomendações do médico veterinário devem ser sempre seguidas e respeitadas.

Em cadelas:
41 a 53% das neoplasias mamárias são malignas.
A maioria das neoplasias malignas é composta por carcinomas epitelias, e a minoria por sarcomas.

Os riscos de desenvolvimento de neoplasias mamárias em cadelas é de 2 a 20%, a idade mais acometida está entre 10 a 11 anos, é uma neoplasia "hormônio dependente", portanto, a incidência (para neoplasias benignas) está aumentada quando há uso de progestágenos (anti-concepcional) para previnir o estro (cio).
Estudos relatam que a incidência de neoplasias mamárias malignas e benignas é fortemente reduzida quando é realizada ováriosalpingehisterectomia (OSH - retirada de útero e ovários = castração) da fêmea jovem. Isto é: se uma cadela possui a pré-disposição para o desenvolvimento da neoplasia e é castrada, os riscos caem a depender da época que foi realizada a castração: 0,05% quando a fêmea é castrada antes do primeiro cio, 8% quando é castrada após o primeiro cio e 26% após o segundo cio.

Não foi encontrado efeito protetor da castração para fêmeas com mais de 2 anos. Não foi encontrado efeito protetor contra o desenvolvimento da neoplasia em cadelas que tinham pelo menos uma gestação, como é observado em mulheres.
Em gatas:
85% das neoplasias mamárias são malignas. Acomentem animais com uma idade média de 10 a 12 anos. Quando é realizada OSH antes dos 6 meses foi obsevado risco 7 vezes menor do desenvolvimento de neoplasia mamária.

Gatas e Cadelas:
Existem vários tipos de neoplasias mamárias malignas e benignas a depender da célula/tecido de origem.
O animal é apresentado com nódulos únicos ou múltiplos na glândula mamária. A cadela possui cinco pares de mamas e a gata possui quatro pares; e cada um pode apresentar neoplasias malignas e benignas, por isso é importante mandar TODO material retirado em cirurgia para exame histopatológico (biópsia).
As neoplasias benignas tendem a ser pequenas, circunscritas e firmes e as malignas tendem a apresentar crescimento rápido, limites pouco definidos, fixação na pele ou tecidos adjacentes, ulceração e inflamação. Esses são parâmetros comuns, mas o comportamento pode variar, isto é, neoplasias malignas pequenas e circunscritas e neoplasias benignas terem comportamento mais agressivo.
Um tipo especial de neoplasia maligna, o Carcinoma Inflamatório, pode apresentar outros sintomas como dor, crescimento rápido, edema de complexo linfático e pele avermelhada (eritema). É mais comum em cadelas, mas já foi relatado em uma gata.


Diagnóstico:
O diagnóstico deve basear-se nos achados do exame físico, no histórico, na realização de citologia e biópsia. Geralmente o exame histopatológico (biópsia) é realizado depois da cirurgia de tratamento, isto é, não são retirados pequenos fragmentos para biópsia para depois pensar em cirurgia.

Só é possível estabelecer um prognóstico e a melhor conduta com o resultado do exame histopatológico, sem esse resultado, não temos como afirmar a natureza do tumor (tipo e se é maligno ou benigno).

Eu sempre defendo a realização de citologia do tumor e dos linfonodos que estão drenando a área, em busca de sinais de malignidade e acometimento por metástase.
Deve ser realizado RX de tórax em busca de lesões características de metástase pulmonar. O pulmão um dos órgãos "preferidos" pelas neoplasias mamárias para se fazer metástase.

Tratamento:

Cabe ao clínico e ao cirurgião decidirem qual tipo de cirurgia mais apropriado e pode variar de acordo com a apresentação do tumor e da condição do animal.
A cirurgia é o tratamento de escolha para as neoplasias mamárias com excessão do Carcinoma Inflamatório. O tipo de cirurgia vai depender da extensão da lesão, podendo ser nodulectomia (retirada do nódulo, para lesões com menos de 0,5 cm - não deve ser feito em neoplasias malignas); mamectomia (retirada de uma mama, para lesões centralizadas, com menos de um cm e sem sinais de fixação); mastectomia regional (retirada das mamas em blocos, incluindo os linfonodos que drenam aquela região) e mastectomia uni ou bilateral (retirada de todas as mamas de um lado ou ambos, juntamente com os linfonodos).
Quimioterapia: estudos devem ser ainda realizados para avaliar a real colaboração da quimioterapia no tratamento de neoplasias mamárias.
Radioterapia: pode auxiliar na diminuição da neoplasia antes da cirurgia.

O prognóstico vai depender do estágio do tumor, do acometimento de linfonodos regionais ou metástase distante.

Fonte: Vail e Withrow - Small Animal Clinica Oncology. Ed. Saunders Elsevier. 4ª ed. Canada, 2007

Bom Final de Semana a Todos

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terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Formatura em Medicina Veterinária

Eu estarei ausente do Blog e do Formspring durante esta semana. Agradeço a visita de todos e não deixarei de responder às perguntas.
O bicho pegou na redação da tese, eu durmo pensando nisso, acordo mais cansada do que dormi, e quando eu relaxo e penso em outras coisas, sonho com a orientadora.
Não está sendo muito trabalho, só é cansativo, é uma reta final compriiiida.
Masss, eu não clico em NOVA POSTAGEM a toa, claro que não, então eu quero aproveitar esse post para parabenizar a Nancy, que se formou em Medicina Veterinária nesse último dia 19.
Essa pimentinha, como é conhecida, foi a peça principal do desenvolvimento meu projeto de mestrado, excecutando em conjunto o seu projeto de Iniciação Científica.
Mesmo sendo um filézinho de borboleta, essa menina é muito eficiente, pau para toda obra. Já sai empregada como Residente do HVET da UNIME, em Salvador.
Eu desejo a você a mesma realização profissional que eu tenho, porque quando se ama o que se faz, fica muito mais fácil fazer um bom trabalho.
Eu desejo os melhores clientes, não os melhores pagantes ou os que não incomodam, mas aqueles que te respeitam e reconhecem o seu valor.
Eu desejo os melhores pacientes, não os mais mansos ou os casos mais fáceis, mas os casos mais intrigantes, mais desafiadores, aqueles que vão além dos livros, que necessitam de feeling e dedicação para serem solucionados.
E sempre busque a paz. Porque só tem paz aquele profissional que vai para casa com o dever cumprido, e age com ética, e respeito à vida.


Em resposta à perguntas no Formspring eu prometi os seguintes posts, que serão os próximos, para a semana que vem:
- Neoplasia mamária em cadelas
- Vantagens e desvantagens da castração precoce em cães e gatos

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Páginas do Blog


Nesses últimos dias eu aprendi como utilizar novas ferramentas disponibilizadas no Blog.
Como se eu não tivesse tese para escrever, cachorro para cuidar, mas tudo bem, há tempo para tudo (dormir para que?).
Eu gostaria de apresentar aqui, para vocês, as novidades.
Novas páginas:
O Blog agora possui páginas estáticas:

Onde eu falo um pouco de mim. Sei lá, vai que alguém quer saber um pouco mais sobre a veterinária às vezes sortuda, às vezes azarada, que vos escreve?

Possui um formulário de contatos para qualquer coisa. Não adianta mentalizar perguntas porque eu ainda não consigo recebê-las, portanto, utilize o Formulário de Contato para obter qualquer informação, fazer uma crítica (seja bonzinho) ou elogio. Mas não deixe de utilizar a ferramenta Comentários ao final de cada post, ou o Formspring para dúvidas.

Aqui eu falo sobre a utilização do assunto postado no Diário Veterinária, a moderação de comentários, as informações enviadas no Formulário de Contatos e a Política de Propaganda de Terceiros.

Leiam as Páginas Estáticas, elas possuem as informações técnicas que todo leitor de Blog deve saber.

Claro que todas essas coisas eu não aprendi a fazer sozinha... já me basta decorar a dose, vias de administração e preço de milhares de medicamentos, tive grande ajuda do Blog Ferramentas Blog, RECOMENDO.



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Fonte da imagem utilizada nesse post.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Insuficiência Hepática Crônica


O desafio do carnaval é um paciente que está sendo tratado para insuficiência hepática. Não tenho o histórico dele antes da apresentação mas o relato do proprietário foi um banho com um shampoo à base de cipermetrina e no outro dia o animal já apresentou a ascite (coleção de líquido no abdômen).

Shampoos à base de permetrina são utilizados no tratamento para infestação por ectoparasitas como pulgas e carrapatos e geralmente não causam intoxicação, em um animal competente, mas devem ser evitados em filhotes com até 8 semanas de vida e animais que possam apresentar dificuldade para metabolização de drogas, no caso, um animal com alguma afecção no fígado, o hepatopata. É importante ler a bula do shampoo antes de usar, se não há a observação "pode-se usar em filhotes a partir de TAL idade" ou "pode ser usado com segurança em filhotes" não use. Lance mão de um ectoparasiticida seguro: recomendo para filhotes a partir do segundo dia de vida o Frontline spray ou para filhotes a partir de 8 semanas tem outra opção, o Promeris.

Enfim, esse cão que eu estou tratando, o Bob, provavelmente apresentava alguma condição de hepatopatia e foi agudizada com o banho, isto é, ele não era competente fisicamente para metabolização dos agentes aos quais ele foi exposto OU o histórico está errado e ele foi submetido a uma dose muito maior do que a dita pelo proprietário, como por exemplo além do banho ainda passou por um banho de imersão a base de cipermetrina ou outro ectoparasiticida.

De qualquer forma nesses casos é importante avaliar corretamente o animal:
Trata-se de um dobermann de 12 anos portanto a ascite pode ser causada por diversas condições e eu vou selecionar as principais no meu diferencial:

Neoplasia, cardiomiopatia e/ou hepatopatia.
Na ultrassonografia ele apresentou ascite e aumento difuso do fígado, sem congestão, e não foram visualizadas massas ou nódulos nos órgãos abdominais.
No hemograma ele apresentou leucocitose (aumento das células de defesa).
Na suspeita de hepatite aguda foram selecionados quatro exames que avaliam a integridade e função hepática (ALT, GGT, AST e proteínas totais) e todos eles apresentavam alterações.
Não tiveram alterações nos exames que avaliaram a função renal.

Ele foi tratado por 2 semanas, quando voltou com vômito, perda de massa muscular, movimentos incoordenados.
É importante fazer uma lista de diferenciais cuidar para eliminá-los com cuidado.
Ainda não eliminei a cardiopatia pois não foi feito o RX e o animal apresenta outros sintomas como pulso fraco e arritmia, mas pode ser mascarado pela desidratação, mas como ele não apresentou congestão, vou aguardar o resultado do ECG. A neoplasia foi eliminada pois não foram visualizadas alterações compatíveis na ultra. Me restou a insuficiência hepática crônica agudizada.
Os movimentos incoordenados são causados pela encefalopatia hepática. Vários fatores têm sido implicados na fisiopatologia da encefalopatia hepática. A maioria deles está relacionada a um acúmulo de substâncias que são absorvidas no intestino e não foram apropriadamente metabolizadas pelo fígado, incluindo amônia.

No tratamento dessa condição é importante:
  • Manter a hidratação com solução sem lactato e glicosada
  • Diminuir a flora bacteriana para diminuir a produção de amônia pelas bactérias (enema, medicamento laxativo)
  • Manter a alimentação, restrição protéica.
  • Parascentese para retirada do líquido abdominal- ascite - quando há desconforto respiratório.
  • O uso de vitaminas do complexo B é discutível
  • Antibioticoterapia

Recomendo a leitura (em inglês - extraídas do site: http://www.ivis.org/)

Canine Liver Disease

Chronic Liver Diseases in dogs

How I treat chronic hepatic disorders in dogs



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domingo, 14 de fevereiro de 2010

Ecodopplercardiografia


2010 é um ano importante para mim, e para a clínica.

É o ano que a clínica completa 5 anos, o que para uma pequena empresa é sair da faixa de perigo, que muitas não conseguem passar.
E é o ano que vamos trocar, pela primeira vez, de aparelho de Ultrassom.
Eu me lembro quando compramos o aparelho de ultrassom , em dezembro de 2006, o representante que nos vendeu disse: Daqui a pouco você vai querer trocar de aparelho, lembre-se de falar comigo.

Eu ri, na verdade gargalhei.

"Você acha que eu, morando em Ilhéus, vou ter a capacidade de fazer essa proeza? trocar de aparelho para um mais novo? Nunca, meu amigo. Mas obrigada"

É, graças a Deus eu estou pagando a minha língua. O nosso aparelho atual é de uma marca muito bem conceituada, o ALOKA, do modelo 260. Eu dizia que não era um aparelho de segunda mão, mas de décima segunda mão. Descobri recentemente que ele tem quase a minha idade, em resumo, uma antigüidade.
Entretanto foi muito útil nesses 3 anos que o temos. Foram mais de 300 exames de ultrassonografia abordando as mais diversas afecções abdominais, examinamos algumas estruturas em tórax também, com todas as limitações que a física impõe, e alguns exames de pescoço.

A física da ultrassonografia é a mesma desde que o primeiro aparelho foi inventado e durante o passar dos anos muitas outras ferramentas incrementaram o exame diagnóstico. Recomendo a leitura da História da Ultrassonografia.
Estamos trocando de aparelho para que possamos realizar novos exames que incluem o uso do Doppler, mais especificamente o ecodopplercardiograma.

Em resumo: infelizmente eu terei que viajar (coisa que eu odeio fazer) para São Paulo para trocar de aparelho de USG, na primeira semana de Março. Serei obrigada a gastar rios de dinheiro na 25 de Março e na rua José Paulino em acessórios e roupas para mim, tsc tsc tsc. Ehehehe...

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quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Formspring (parte 2)


Quero agradecer a todos por utilizarem o Formspring. O mais bacana dessa ferramenta é que há uma interação. Eu não só escrevo e vocês lêem, mas a gente conversa e assim o blog passa a ser mais divertido e útil. Confesso que tomei muita surra desde o dia que resolvi fazer o blog, apesar das ferramentas do BLOGGER serem muito fáceis eu não tinha como saber se o que eu estava postando estava sendo lido, a não ser pelos comments.. Desde o início, um dos meus primeiros seguidores, e amigo pessoal, o José Carlos, vem me ajudando. Ele me apresentou o Google Analytics, Feerburner e agora o TWEETFEED.

Por essas ferramentas eu tenho uma idéia do quanto eu sou lida, qual post teve mais acesso, quantos utilizam a ferramenta FEED, e outras coisas. Portanto, obrigado a todos.

Se você gostar da postagem utilize também a ferramenta Compartilhar, presente no Internet Explorer (na barra de ferramentas do Google). Com essa ferramenta você seleciona como quer compartilhar o conteúdo do Blog e manda bala.


Outra forma de Compartilhar é pela ferramenta Addthis, que vai ficar agora no final de cada post:



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Aqui vai a segunda leva de perguntas.


Alice, meu gato esta super caidinho,a vet só mediu a febre e ele esta sem febre e nao tem sangue no xixi mas a gata da minha amiga morreu, e a vet disse que foi pela ração whiskas,problema renal é verdade isso? e o meu gato comeu um mes um pouco de wh
Na realidade, Sofia, esse mito da ração Whiskas existe pois a FLUTD (FLUTD - Feline Lower Urinary Tract Disease) que é a Doença do Trato Urinário Felino, tem como uma das causas, além da pré-disposição, a alimentação. O importante é que depois que começaram os casos de FLUTD pela formação de cálculos de sulfato triplo magnesiano (estruvita) muitas rações foram reformuladas e dentre elas a Whiskas.
Hoje, no tratamento da FLUDT, adotamos mudança da alimentação para uma ração medicamentosa e correção do pH urinário, tratamento da infecção instalada e, em alguns casos, cirurgia para retirada do cálculo. Mas, o mais importante é o diagnóstico. Se a suspeita é de doença do trato urinário inferior felino o exame de urina é imprescindível. A ultrassonografia e/ou RX virão depois. O hemograma também vai identificar uma possível infecção, anemia e desidratação. Os exames bioquímicos que testam a função renal vão avaliar uma possível falha na filtração glomerular provocada por retorno urinário e formação de hidronefrose.
Dê notícias.
LEIA: http://diarioveterinaria.blogspot.com/2009/09/cirque-du-soleil.html


pra onde vao os animais quando eles morrem? eu tinha um cachorro q faleceu ha 2 anos. mts saudades =\ cavalitoz
Acredito que para o mesmo lugar que vão os humanos.


Você acha que os profissionais, quando associam uma clínica veterinária a uma pet shop, uma loja, tratando o bicho como uma mercadoria, passam aos donos a imagem de que é um bem de consumo, descartável, contribuindo para casos como o relatado pela Re by blacknudge
Você fala em um pet shop com venda de animais? Realmente as pessoas podem confundir sim, mas os animais são mercadorias do ponto de vista de muita gente. Por exemplo, na área da produção de carne, ovos e leite, os animais são objetos de trabalho e quando o custo se sobressai ao lucro, o animal é descartado. O mesmo acontece com cães e gatos criados para a reprodução. Se não estão mais em vida reprodutiva ou não estão aptos a tal tarefa, eles são doados ou até permanecem no canil quando houve apego por parte do dono. Há muitas pessoas que apoiam a adoção de cães e gatos em Ongs que os recolhem ou nos Centros de Controle de Zoonoses, mas sempre haverá canis e gatis comercializando, porque é um mercado lucrativo.
Eu sou das que apoiam a adoção.
Mas, meu amigo, não há como mudar a cabeça de muita gente, avalio que a maioria que ainda compra cães e gatos se apegam e não descartam facilmente como a minoria relatada pela colega.


Olá, sou Rebeca, também vet., do Paraná. Recebemos um animal de 1 ano, Lhasa, corpo estranho (caneta). Depois de operado (e bem), o dono pagou e pediu eutanásia - não queria mais o animal. Já aconteceu uma dessas contigo? Tem gente q n merece o cão
Não aconteceu comigo não. Já tive pedidos de eutanásia por causa de infestação por carrapatos, por causa de "sarna" que ninguém cura. Mas até hoje a gente conversou um pouquinho, e acabou convencendo a tratar ou doar o animal. Na semana ouvi queixas de uma veterinária que atua em SP e tem passado por situações assim, como a sua, em clínicas para clientes de altíssimo nível financeiro, e que freqüentemente há pedidos de eutanásia para animais que estão dando trabalho, ou os proprietários enjoaram. Muitas vezes não querem se dar ao trabalho de cuidar de um problema simples de pele e mandam eutanasiar, já com outro em vista para comprar. É por isso que eu sempre falo que cadela deveria parir UM filhote só, para serem bem caros e quem sabe assim as pessoas valorizarem mais.


Alice, quais vacinas além de v10/raiva você gosta de utilizar? Gosta de Giárdia? Tosse dos canis? Roberta Moura - Santa Catarina
Eu tenho todas essas 4 no consultório, porém apresento a V10 e Anti-rábica como as mais importantes e a GiárdiaVax e contra Tosse dos canis como opcionais. Explico que:
Raiva - é uma vacina obrigatória por se tratar de uma zoonose de grande importância
V10 - protege contra as viroses mais importantes que acometem cães e são potencialmente fatais, e contra as leptospiroses, que se trata também de uma zoonose.
Vacina contra leptospirose: sempre é feita 6 meses após a V10, explico que a proteção contra a leptospirose expira nesse prazo e para deixar o animal sempre protegido, deve-se realizar essa vacinação.
Giárdia - trata-se de um protozoário transmitido principalmente pela água. Não é uma doença potencialmente fatal, acomentendo mais gravemente filhotes e animais imunossuprimidos. O grande problema dessa doença é o diagnóstico que é realizado na grande maioria dos casos pela identificação do cisto nas fezes e quando fazemos exames seriados (3 amostras com 48 horas de intervalo) as chances são de apenas 60% de encontrar. A giárdia também é uma doença que acomete seres humanos, porém não foi ainda comprovada a transmissão direta entre cães e humanos.
Tosse dos canis - não se trata de uma doença potencialmente fatal, sendo também mais grave em filhotes, animais imunossuprimidos e braquiocefálicos. Apesar de auto-limitante na maioria dos casos, a proteção vacinal se justifica por ser uma doença de fácil transmissão.
Essas são as explicações que eu passo durante a elaboração do protocolo vacinal.
IMPORTANTE: sempre entramos em contato com o proprietário no vencimento das vacinas, principalmente a leptospirose.
Abs


Olá. Perdi uma paciente, uma gatinha de rua, anoréxica, apática, sem estertor, 40 C, entrei com atb, mas com 1 sem veio a óbito. Fiquei com a sensação: aonde eu errei - que vc bem conhece. Qual sua experiência com felinos?Desconfio de fiv/felv. Ana
Ana, qual era a idade aproximada? fez algum exame? qual os resultados? qual ab?
Pode ser FIV/FELV sim, e eu tenho pouca experiência com essas doenças, peguei pouquíssimos casos. Ela tava desidratada? Ictérica? sondou? pode ter sido lipidose, panleucopenia =/


Oi, continuando a gatinha... tinha +- 4 meses, não fizemos exames, fiz fluidoterapia e penicilina. A palpação abdominal, os intest. estavam como que dilatados, estranho...mas sem diarréia, vômito ou icterícia. Não quis necropsiar... =/ Ana.
Triste, Ana. Bom, acho que pode ter sido também, mas pode ter sido tanta coisa mais.
Dá uma olhada no post atual, tem falando sobre gatos e a indicação de um blog interessante sobre medicina felina.
bj


Olá, tenho um yorkshire de 8 anos, e em exame recente (quinta-feira)se descobriu um cálculo na bexiga de 2mm. Ele esta passando muito mal, e estou com medo, qual o risco real da cirurgia?
O risco inerente a qualquer procedimento cirúrgico que envolva anestesia geral, agravedo pela idade do animal, chega a ser quase 0,5% de risco de morte, quando o procedimento for realizado em boas condições fisiológicas (enzimas hepáticas e renais normais, e hemograma normal) e com o uso de protocolos anestésicos seguros. O risco pode ser diminuído com a realização de exames pré-operatórios apropriados que podem envolver hemograma, exames bioquímicos, RX de tórax e eletrocardiograma, para a escolha de um protocolo anestésico seguro. O risco do seu animal acabar obstruído pelo cálculo e desenvolver uma hidronefrose ou rompimento da bexiga também existe.
Dica: confie no seu veterinário ou procure um veterinário que você confie.


Mandei a pergunta do Calculo na bexiga, como não tenho cadastro, sou a Nathassia de Cianorte - PR
Respondida, bjs
dê notícias


Oi Alice! Como vc deve saber, tentei vestibular para Medicina Veterinária. Creio que sua resposta seria uma ajuda para mim. Durante o curso quais são as barreiras mais difíceis a serem enfrentadas? Se ouver alguma. By.: Filipe Carvalho
Barreiras:
1- Todas se não for o curso certo para você.
2- Algumas disciplinas se você já tiver alguma tendência para uma especialidade e...
3- Patologia Animal.. se você for normal.


Oi Alice,gostaria de saber se para voce também foi dificil escolher entre as medicinas,veterinária e humana,já pensou em desistir ou coisa assim?se sim,em qual momento? alguma dica para uma futura veterinária? me chamo Mariana e adoro o seu blog!
Nunca pensei em fazer medicina humana. Eu penso em desistir todos os dias, mas é uma característica do meu comportamento. Mas não vou largar. Veterinária me rende muitas coisas legais, como aprendizado, relacionamentos, posts.
Futura veterinária: seja honesta com seu cliente sempre, e justa com os animais. Isso é o mais importante.


Olá Alice! Acompanho o seu blog e gosto muito! Uma pergunta, você já pegou algum caso de Leish? Em uma situação dessas, é a favor de eutanasiar (comunicando a zoonoses) ou tratar? O que acha dessa lei? Qual prevenção mais gosta? Grata
A questão aí não é em ser ou não a favor. Afinal, se a política de combate ao mosquito funcionasse talvez não tivesse essa epidemia. Eu trabalho em uma área que não é endêmica para leishmaniose e ter uma opinião engessada sobre esse assunto é complicado, porque até hoje eu tive 1 caso apenas. Porém eu faço sim a notificação aos órgãos, acho que isso é importante, o tratamento não é permitido atualmente mas conheço veterinários que fazem. Eu não faço. Até ração própria para leishmaniose, importada da Europa, é possivel encontrar.
A prevenção que eu mais gosto é o combate ao mosquito, como coleiras repelentes. Vacina contra protozoário é complicado, muito mesmo, ainda mais para uma doença de notificação compulsória e eutanásia. Como não estamos em área endêmica ela nem é praticada aqui na região. Sou a favor SIM dos estudos e mais estudos realizados sobre a doença. Sobre outras formas de trasmissão, sobre a realidade da minha região, dentre outras coisas. No Congresso Nacional de Clínicos de Pequenos Animais de Medicina Veterinária, em Belém, terá cerca de 5 palestras sobre diagnóstico, tratamento e imunização contra a leishmaniose viceral, se você for aluna ou profissional, vale a pena conferir.

O que é mais divertido? Responder perguntas sobre veterinária ou perguntas de duplo sentido envolvendo a vida pessoal com jogos de palavras, as quais invariavelmente resultam em reflexões sobre as mazelas da vida cotidiana contemporânea? by blacknudge
Responder as suas perguntas

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quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Veterinário de Gato


Criar gatos é uma experiência única que não sabe como é quem nunca a teve, atendê-los também.
O paciente felino tem um "quê" especial e aqueles veterinários que decidem dar-lhes exclusividade lucram em muitos sentidos.
Na minha vida acadêmica eu tive o prazer de estagiar com um deles, a veterinária Christine Martins , no HVET da UnB, em 2002. Quando havia consultas com gatos, o estagiário só podia entrar na sala antes de começar. Não podia ficar entrando ou saindo do consultório. Durante o histórico geralmente o gato estava no colo da veterinária, enquanto ela ganhava a confiança do animal.
Deve-se ter muita paciência com o gato. Eu me recordo que certa vez o animal foi para uma consulta com a "botinha de esparadrapo", que é aquele esparadrapo enrolado nas patas para o gato não arranhar. A veterinária ficou horrorizada, reclamou, disse que o proprietário não deveria ter deixado o veterinário anterior tê-las colocado.
Nos meus estágios anteriores eu acompanhei diversas vezes o uso da tal botinha, e encarei aquilo como normal, procedimento padrão para atendimento do felino, porém nesse estágio eu pude conhecer uma nova forma de aproximação e manejo do animal.

Nos congressos eu conheci, apenas em palestras, o profissional Dr Archivaldo Reche Júnior, e também pude compreender certas características, principalmente comportamentais, dos gatos. Cada dia mais esses profissionais estão crescendo, estudando e passando para frente o conhecimento da medicina felina, o que facilita, e muito, a vida da gente.

Recomendo o blog: http://medfelina.blogspot.com/

Os livros:

As palestras dos profissionais citados acima, bem como minicursos e outras produções dos mesmos.

Bom final de semana a todos


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terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Meus amigos


Nessa semana eu tive uma grande surpresa, um amigo da sexta série , o Daniel, me reencontrou através do blog. Resolvi escrever sobre meus amigos.

Cães e gatos podem criar um relacionamento entre si, de amizade, quando vivem na mesma residência, vizinhança. Dois animais em uma casa podem ser companheiros para o resto da vida. Muitas vezes eu atendi animais que sofriam a ausência de outro que morreu ou se mudou. Eles ficam apáticos, tristes, sem se alimentar, com o comportamento diferente. Com o tempo eles até se recuperam, mas, quando estão lá fora, na varanda, deitados, olhando para algum lugar, esperando vir de lá o amigo que se foi.

A gente passa a vida inteira atrás de vários sonhos e todos eles são apoiados por pelos nossos amigos.

A medida que vamos tomando decisões como mudar de escola, ir a uma festa, namorar um menino, noivar, casar, fazer vestibular, formar, fazer concurso, os nossos amigos vão participando e auxiliando, na maioria das vezes só fornecendo o apoio, para tomarmos a decisão mais correta, ou menos desastrosa.

Eu tive muita sorte na vida, tive excelentes amigos em todas essas fases. Desde quando eu me entendo por gente eu sempre fui cercada por pessoas boas. Os amigos. Muitos duraram um ano, ou dois até eu mudar de escola, outros fazem parte da minha vida até hoje mas todos eles foram de igual importância para eu me tornar a pessoa que sou hoje. Boa ou ruim (claro que nunca ruim) mas eu sou o que sou por causa deles.

Quando eu paro para pensar naqueles do meu passado, dá aquela sensação de cachorro que perdeu o companheiro, eles sumiram, e eu sumi também.

Me perguntaram no Formspring quais as barreiras mais difíceis de enfrentar no curso de veterinária, e eu respondo: Na vida... as barreiras mais difíceis são aquelas que enfrentamos sem nenhum amigo ao lado, e a saudade mais apertada é daquelas pessoas que riram muito com a gente, mas ficaram no passado.



Obrigada a todos os meus amigos. Gostaria de reencontrar todos.

Esse post é dedicado a todos eles (como outros posts que já escrevi) em especial a Ivan Siqueira Reis.

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