sábado, 15 de novembro de 2008

Afônica


Era uma vez, nos dias de  hoje ...

...Trabalhar em dia de Feriado é sempre novidade. Ou é uma emergência, ou é um banho e tosa de emergência também, o que não deixa de ser novidade. Trabalhar em dia de feriado afônica nunca tinha acontecido comigo.

Eu apresentei um trabalho no mestrado há dois dias que me tomou a manhã toda, tanto que na aula da tarde não pude responder nenhuma das perguntas malvadas feitas pela minha orientadora.... fiquei AFÔNICA. Isso é terrível porque eu não sei a linguagem dos sinais, e mesmo que soubesse as pessoas não entendem meus sinais, eu começo a falar e a primeira reação da pessoa é rir para depois prestar atenção no que está sendo dito, então tenho que repetir tudo e a voz que já estava fraca vai sumindo cada vez mais. Entre uma frase e outra eu tusso para ver se melhora alguma coisa mas só detona mais ainda a garganta. Depois da aula tive que resolver um problema que envolvia boato e envolvia o meu nome, agora imagine eu ficando p. da vida com a situação e sem voz!?!?!? Nem tive como atrás da "fonte" falar alguns desaforos porque ela não entenderia, e eu teria que escrever...não, não deu certo. Talvez Deus tenha me deixado afônica para evitar meus desaforos...

Então ontem eu fui trabalhar, sem voz nenhuma ... e uma agonia constante de me expressar. Não atendi nenhum telefonema....  a estagiária atendia e falava: Sim, é da Casa do Bicho, ela está, mas está impossibilitada de falar, não, não está em consulta, ela está sem voz" e eu pensando: que situação ridícula. 

Mas hoje foi pior, é feriado nacional, 15 de novembro, e eu fui trabalhar até meio dia, pensando: hoje todos vão para a praia, eu fico tranqüila até a hora de fechar, beleza pura. 

Primeiro atendimento foi o Chatran, o insuficiente renal gravemente debilitado, que foi para eutanásia. Eu sempre gosto de discorrer sobre a doença. o procedimento, as implicações, mas acho que a senhora não entendeu nada, ela fazia uma cara de choro, pelo cão acredito, e de desesperdo, pelo papo provavelmente.

Eu desisti, fiz meu trabalho, atendi o próximo cliente, um filhote para vacinar de um proprietário cheio de dúvidas. Eu sussurrava as respostas e ele não se compadeceu de mim, cada vez perguntava mais, até que eu anotei tudo e prometi mandar por e-mail.

Deu meio-dia..ÓTIMO.. fechei tudo e fui para casa. No caminho me ligaram 2 vezes para perguntar sobre banho e tosa, e eu aos berros consegui dizer que só segunda-feira. Ao chegar em casa me liga uma amiga, querendo internar a cachorra, está debilitada e precisa ficar no soro. Mais uma vez eu volto para a clínica para pegar os medicamentos e interná-la aqui em casa mesmo, é uma poodle pequena que não deu o menor trabalho... 

Meu trabalho eu sei fazer, mas hoje eu faço muito melhor se não tiver que falar.

OBS: acabaram de me ligar para perguntar se abriremos normalmente na segunda-feira, se tem que marcar consulta e o valor....  espero que ele tenha entendido pelo menos o valor.



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• Diário de uma Veterinária


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3 comentários:

Anônimo disse...

Oi!
"Vc nao falar é uma benção"!
providencia divina...
Amo vc Porca...

Alice no País das Maravilhas disse...

Carlos, irmãozinho querido, eu estou sem voz mas continuo falando, rouca, sussurrando.. .a minha necessidade de falar não está ligada à minha voz...
Sempre tive medo da minha voz acabar, eu falo: se a gente tivesse uma quantidade de palavras para falar a vida toda, a minha já tinha acabado faz tempo e eu precisaria comprar dos outros :D

Dilce disse...

tadinha de minha bichinha.... e eu nem dei remedinho...