sexta-feira, 24 de outubro de 2008

CAPA GATOS


Em algumas Universidades do Brasil, alunos de vários cursos chamam aqueles de veterinária de "capa-gatos". Todo veterinário de pequenos animais já ouviu essa expressão. Durante o tempo da faculdade eu levei meu gatinho, o Virgulino, para castração. Ele vivia fugindo para namorar e voltava todo machucado pra casa. Acompanhei o procedimento, era fácil, e foi tudo bem. Depois disso, Virgulino nunca mais saiu de casa para namorar ou brigar, viveu feliz, engordou, e eu fiquei satisfeita, funcionou mesmo.
Meu primeiro paciente gato foi o Tom, e logo ele ganhou um irmãozinho, o Pacato. Tom era temperamental, fugia, brigava, já o Pacato saía pouco, era dócil, como o nome diz... pacato mesmo. Eu comentei sobre a minha experiência com Virgulino e o proprietário decidiu castrar os dois.
A cirurgia foi muito bem, minhas primeiras castrações, agora eu era definitivamente uma "capa-gatos" eheheh..
Eles recuperaram bem, e depois do repouso o Tom nunca mais fugiu pra namorar, já o Pacato saiu e nunca mais voltou pra casa. O proprietário entendeu o ocorrido mas eu não tinha onde enfiar a cara. Afinal de contas eu falei tanto das vantagens e isso tudo me lembrou o discurso do nosso paraninfo... ele contou a seguinte história:
"Era uma vez um caçador que tinha uma flauta mágica, quando ele tocava os animais ficavam mansos e ele a usava para caçar leões. Até que um dia ele caçou e matou vários leões, os encantando, quando sobrou um. Ao perceber a presença do caçador ele prontamente foi em sua direção atacá-lo, quando o caçador pegou a flauta e começou a tocar. Mas a melodia não parecia fazer efeito no leão, e o caçador acabou sendo morto. Moral da história: Cuidado com o leão surdo" Nem sempre o esperado vai acontecer, pense nas outras possibilidades, aja pensando nas patologias e não empiricamente. Biologia não é matemática, nem sempre 2 + 2 = 4.

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• Diário de uma Veterinária


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3 comentários:

Wagner disse...

Eu tinha um tio (morreu relativa-mente novo) que tinha o apelido de Zé Capagato. Não sei quem o apeli-dou nem porque o fez, isso já pas-sa dos cinquenta anos. Sei que ne-nhuma relação tem com Veterinária, porque naquela época nem se falava em estudo desta especialidade.
Foi este fato que me chamou a aten-ção para a sua história.
Vai agora o comentário - Você es-creve com graça, gostoso até, prin-cipalmente porque sem preocupação e com simplicidade e naturalidade. Deve ter um papo muito agradável. Em tempo - tenho certeza que este meu tio nunca capou nem galo. Minha sobrinha, no entanto, a Vir-gínia, que também é Veterinária, capou meu cachorro vira-lata, o Roliço, para ele não fazer safade-za com a Chaquira, uma Sharpei que também tenho no quintal. Mas foi bem feito porque uma vez ouvi um reboliço lá nos fundos, e fui ver que o sem-vergonha tinha encostado um frango no canto da cerca e estava i-nhe-qui-nhe-can-do com ele encantuado.
Desculpe as liberdades, mas me deu vontade de conversar com você.
Obrigado.

Carina disse...

Uso muito essa última frase do texto quando me pedem ceretza de algo.

Carina disse...

Ops. Certeza de algo.